Somos Todos Iguais
A essência do Ser Humano é única
As pessoas são as mesmas em qualquer canto do mundo. O casamento de um sírio com uma brasileira evidenciou como os seres humanos têm os mesmos comportamentos, e isso independe da cor, religião, sexo, etnia ou nacionalidade.
A alegria e nervosismo do noivo eram os mesmos de sempre. A expectativa pela chegada da noiva; a satisfação pelos convidados presentes; a alegria pelo dia.
Aquele altar era reflexo dos tempos atuais. O noivo, imigrante sírio, se viu nos dilemas da vida de um expatriado: a necessidade de ter um emprego como forma de garantir o visto para si e seus pais e assim, conseguir uma qualidade de vida fora do conflito de sua nação. Sem algum vínculo, seja trabalho ou estudo, não há como residir noutro país, a não ser dentro dos padrões legais da condição de um turista. E entre uma oportunidade de trabalho e outra, foi assim que ele ficou.
A vida de expatriado não é fácil. As relações entre cada país é diferente e as ações são recíprocas. Um país autoriza ou nega o mesmo em relação a outro: a forma e a cobrança de concessão de vistos; homologação de documentos; tempo de permanência, etc. E os árabes possuem restrições com os sírios, em função de todo o caos por lá vivido. Isto gera restrições para certas oportunidades. Quando o momento pede por solidariedade, há mais mãos encolhidas e barreiras levantadas.
Tal situação foi o momento ideal para um cupido entrar em ação unindo e selando o destino de um belo casal. Poucos meses depois, testemunhas celebraram a união.
E as coisas normais de um casamento sempre ocorrem: o casamento foi num país diferente da nacionalidade dos noivos; que por sua vez residem como expatriados noutro país, junto com seus convidados — quase ausentes pela tempestade de areia do dia anterior que ocasionara muitos transtornos. A madrinha não apareceu por problemas no visto ao cruzar a fronteira (e ela trazia a maior surpresa para a noiva)… cenas presentes nas histórias de muitos casórios.
Outra marca do nosso tempo está no romantismo em volta do casamento, do preparo e tempo dispendido pela noiva… Ops! Mas quem fez tudo, absolutamente tudo, foi o noivo. Tempos modernos. Outros já dizem “tempos líquidos”. Ali, duas expressões do tempo: o Padre Católico Ortodoxo e a celebração do casamento, sendo que o único registro válido era o religioso. Entendeu bem: não há registro civil onde a cerimômia ocorreu. Mas o noivo, líquido, fiz uma cerimônia simples, sem deixar nenhum detalhe para trás. E nas palavras da noiva, “ele lembrou até do chocolate como lembrancinha!” Coube a noiva a escolha do vestido — de muito bom gosto— o penteado e chegar no horário! Ainda nos casamos classicamente, mesmo que as circunstâncias sejam fora do tradicional. Há um equilíbrio nos tempos.
Como num conto de fadas, o final foi feliz. Convidados celebrando e muitos foram os presentes. E por falar do outro presente, a noiva esbravejava com elegância sobre a madrinha sumida e sem notícias, quatro horas depois do casório.
Os convidados, cientes da razão de sua ausência, amenizavam a situação: “algo de muito grave aconteceu, saiba disso.” A data foi marcada de forma rápida. Por isso não fora possível agendar a viagem da mãe da noiva — cerca de 26h — porque o padre não havia confirmado a data e o horário, fazendo-o somente alguns dias antes. Então, de repente, a madrinha aparece com a mãe da noiva.
Ela não sabia. Haja coração!
Todas estas circunstâncias mostram como as pessoas são iguais. Estão em busca da sua felicidade, lutando pela sobrevivência diária, à procura das relações de apoio, seja na busca de uma pessoa para viver o resto da vida, seja no suporte dos amigos.
Quando se olha para a vida, é desolador ver pessoas cheias de vigor, com um longo caminho pela frente, sendo vítimas de sistemas opressores. E mesmo assim elas encontram seus rumos. Esta é a maravilha do processo de adaptação do ser humano.
No final, vale entender uma coisa só:
diante de todas as contingências, a vida sempre vale mais. E sempre vale, porque há amor.
