Saudade das crônicas
O que um livro de crônicas faz por você.
Jeanne Bilich (1948–1922) é conhecida como a Dama do Jornalismo do Espírito Santo. Fez parte de um time de pioneiros que esteve na criação de uma nova forma de fazer rádio & TV a partir dos anos 1970. Isso tem relação com o surgimento da TV Globo, da qual foi a primeira apresentadora do Jornal Hoje, quando ele tinha sua edição local.
Pois bem. Além de Jornalista, era Bacharela em Direito e Mestra em História Social. E uma cronista de mão cheia. Fico a pensar que Jeanne usava a crônica como uma válvula de escape. Como editora de jornais, era na escrita que ela descarregava a sua visão sobre os assuntos com os quais lidava na louca rotina de uma sala de imprensa.
TEMPO.
É essa a palavra que define os escritos de Jeanne. "Zeitgeist”, "Viajantes da Nave Tempo"; "Virando o Século XXI" são os títulos de algumas de suas obras. No mais, os textos sempre evocarão a passagem do tempo. Estou lendo a segunda obra, uma coletânea de seus textos publicados no jornal capixaba A Gazeta. E foi assim que percebi que estava com saudade de escrever algo que não seja técnico.
As crônicas de Jeanne são bem clássicas, cheias de elementos com os quais facilmente identificamos, como a constante conversa com o você, "ó sagaz leitor".
Fui capturado por uma empatia. De alguma forma, enxerguei em suas crônicas uma conversa consigo mesma e um convite para fazer da escrita uma ferramenta terapeutica. Hora do descarrego.
Literalmente, sentar os dedos no teclado — espero que seja de boa qualidade — e arrumar os pensamentos.
Leio muito, escrevo muito. Porém, agora é escrever para mim também. E aproveito, caro leitor, e compartilho com você.
Jeanne, obrigado.
Teremos muitas conversas daqui para frente.